O ARISTOCRÁTICO CLUBE RECIFENCE
ORIGEM E NOMES
O clube é fundado pela a aristocracia
comerciante recifense, que entusiasmada com os sopros do desporto moderno,
decidem fundar um clube para que qualquer pessoa, independentemente de sua nacionalidade
pudessem frequentar, já que nos clubes da época como o Excelsior Cricket Club e
o Pernambuco Cricket Club aceitavam somente quem era da colônia inglesa e o Clube
de Regatas Pernambucano só aceitava brasileiros. Com isso, ilustres pessoas da
época que eram contrárias a tal posicionamento dos clubes existentes, tais qual
Antônio João d’Amorim, o Barão de Casa Forte, funda o Clube Regatas Ultramarino.
Antônio João d’Amorim foi presidente da Associação Comercial de Pernambuco, o que
lhe dava contatos, acessos a pessoas importantes da época. Junto com os
associados, que representavam a elite pernambucana, no dia 17 de julho de 1885
se realizou a primeira reunião deliberativa do Clube Regatas Ultramarino, primeiro
nome do Clube Internacional do Recife, que teve lugar no primeiro andar de um
sobrado colonial existente, de número 11, no Largo do Corpo Santo, bairro
portuário da cidade maurícia, sendo esta data a primeira das três fundações do
clube aristocrático.
Após essa reunião, a
agremiação passou a ter outra denominação, Clube Internacional de Regatas, uma
vez que – justificava a diretoria em notícia no Jornal do Recife, de 18 de
julho – dela faziam parte pessoas de diversas nacionalidades. O recém-formado
clube teve como dirigentes: Antônio João d’Amorim, presidente; Joaquim Alves da
Fonseca, secretário; e João do Livramento, tesoureiro. Constituiu-se também uma
comissão com a finalidade de elaborar os estatutos, da qual participaram: José
Joaquim Pereira, Manoel Hughes, Euzébio dos Passos Cardoso, Arthur Dallas e
João Victor da Cruz Alfarra. E o “regatas” do nome era da principal modalidade
esportiva, ou a modalidade esportiva para qual o clube foi criado, o Remo,
desporto mais praticado na época pela juventude recifense, ao lado do turfe e
bem superior ao críquete.
Entretanto, com o
tempo, o objetivo inicial de sua criação – clube exclusivamente de remo – foi
se tornando inalcançável. Conseguiu realizar apenas seis regatas, sendo a
última, segundo registro da imprensa, no dia 8 de setembro de 1888. Abriu-se
espaço para outras atividades muito em voga na vida social da época como os
saraus dançantes, bailes festivos e jogos de cartas. Em 1889, a sua denominação
mudou para Clube Internacional do Recife. Entretanto, a prática esportiva continuou
a fazer parte de suas atividades: voleibol, basquete, natação, hóquei sobre
patins, gincanas automobilísticas, tênis.
ALCUNHAS,
CORES, SÍMBOLOS E INDUMENTÁRIAS
O clube
ficou conhecido durantes seu início como o clube aristocrático, contudo essa
alcunha foi se perdendo com o tempo, e com o abandono do desporto e a prática
cultural popular, a alcunha de aristocrático deixou de existir. As cores do
clube são: Azul, Branco e Vermelho, cores da bandeira provincial de Pernambuco.
Clube Internacional do Recife - Recife-PE - Remasterizado por Renato Zaraskyz |
Clube Internacional do Recife - Recife-PE - Remasterizado por Renato Zaraskyz |
SEDES
A primeira sede foi o
primeiro andar de um sobrado colonial existente, de número 11, no Largo do
Corpo Santo, a partir de 1914, a agremiação passou a funcionar na Rua da
Aurora, 265. Em meados da década de 1930 viveu uma grave crise econômica. Com
apenas 32 sócios a luta foi para salvar dois terços do seu patrimônio. A
esperança de vencer a crise surgiu quando a Prefeitura do Recife adquiriu o
prédio da Rua da Aurora para nele instalar o governo municipal. Paralelamente,
crônicas e propagandas em favor do Clube foram publicadas em jornais.
Somente em 1937, com a venda desse prédio, foi adquirido, por compra, o Solar
do Benfica, no bairro da Madalena, onde até hoje funciona a sede do Clube.
Ainda em 1937, o edifício passou por reformas que incluíram a ampliação e
adaptação de parte de suas instalações para atender às necessidades de
entretenimento de seus associados. Dessa forma, a Assembleia Legislativa do
Estado declarou o Clube de utilidade pública.
O Solar, em estilo
colonial, de linhas soberbas e imponentes, domina a paisagem em frente à Praça
Euclides da Cunha. Um artigo da revista Ilustração Brasileira, Rio de Janeiro,
de 1942, destacou a importância do Clube para a sociedade pernambucana da época
(“o maior e mais aristocrático centro diversional do Norte do Brasil”) e
descreveu alguns aspectos de suas instalações: escadarias, azulejos, salões de
dança – segundo o artigo, o maior existente no Norte do País – de
banquetes e de honra, colunas, jardins, móveis e decoração.
INTERNACIONAL
DO RECIFE ATRAVÉS DOS ANOS
Ao longo de sua
trajetória, o Clube Internacional do Recife também abriu suas portas para a
promoção de concertos de música erudita, recitais, balé e, apesar da fama
aristocratizante, para festas beneficentes. Ficou famoso até os dias de hoje
pela realização do Bal Masqué. Esse baile carnavalesco, criado em 1948 pelo
então presidente do Clube, João Pereira Borges, e realizado pela primeira vez
no salão nobre, dia 31 de janeiro desse mesmo ano, trazia além de fantasias e
trajo a rigor, todo o ritual da tradição.
João Pereira Borges
foi também o criador, em 1947, da revista Clube Internacional, “uma publicação
gratuita e onde os associados do Clube Internacional do Recife se possam
orientar quanto ao movimento de sua agremiação. ” (MATOS, 1985, p. 59). A
revista atingiu o sucesso quando o jornalista Altamiro Cunha assumiu sua
direção. Ele fez desse periódico “mais do que uma Revista paroquialmente
clubista. Deu-lhe movimentação, riqueza de textos, notícias multiplicadas e
hábeis, nela ingressou figuras das mais representativas do nosso chamado mundo
das letras […]”. Intelectuais pernambucanos como Mauro Mota, Edson Régis,
Gilberto Osório de Andrade, Aderbal Jurema, Nilo Pereira, entre outros, que
tinham ou não seus artigos publicados na revista, foram unânimes em reconhecer
sua relevância como registro das atividades do Clube, da vida social da cidade
do Recife bem como fonte de estudos literários por conter em boa parte de suas
páginas poemas, poesias, crônicas, contos e artigos.
Outra iniciativa,
dessa vez do presidente José Jorge de Farias Sales Filho, foi o Voo do Frevo
que tinha como objetivo difundir e divulgar o carnaval pernambucano, em
especial o frevo. De 1968 até 1984, foram realizados cinco voos que tiveram
como destino o Rio de Janeiro (primeiro e segundo voos), Manaus, Fortaleza e
Miami.
Além de convidados
especiais, representantes dos principais clubes da cidade e dos Interclubes da
Paraíba e Alagoas, o Voo do Frevo levará para apresentações especiais no Rio
duas das nossas melhores orquestras: Nelson Ferreira e José Menezes, afora
passistas e compositores. […] com vistas a uma maior divulgação, a comitiva
leva para distribuir no Rio milhares de exemplares do último número da revista
Clube Internacional e do compacto [disco de vinil de pequenas dimensões,
gravado em 33 1/3 ou em 45 rotações por minuto] gravado pelo Mocambo, Carnaval
no Internacional (frevo-canção) e Clube Internacional (valsa) de autoria do
maestro Nelson Ferreira. (MATOS, 1985, p. 63).
Em 1985, ano do seu
centenário, a agremiação, na pessoa do seu presidente, Jose Paes de Andrade,
promoveu uma série de eventos comemorativos, dentre os quais, se destacam:
Festival do Chopp, 1º Voo Internacional do Frevo, Campeonato de Tênis dos
Clubes Campeões da Região, Noite da Cultura, Apresentação da Orquestra
Sinfônica de Pernambuco, Baile Oficial do Centenário.
O Clube, com mais de um século, viveu
diferentes realidades. Nasceu no período imperial chegou à República.
Atravessou quedas e ascensões e chegou aos nossos dias ainda associado à
paisagem social do Recife. A postura exclusivamente aristocrática foi
modificada a partir da gestão de Jose Paes de Andrade. Democratizou-se,
abriu-se à sociedade como um todo e abriga, atualmente, shows de grupos
musicais de forró, funk, tecnobrega, reggae, entre outros.
TÍTULOS
O Clube não possui títulos
desportivos, ou se tem não foi encontrado na pesquisa.
DADOS
GERAIS
Nome:
Clube
Internacional do Recife
Alcunhas:
Aristocráticos
Fundação: 17/07/1885 (136 anos)
Cores:
Azul,
Branco e Vermelho
Torcedor/Adepto:
Mascote:
Lema:
Principais
Rivais:
Localidade:
Rua
Benfica, 505, Bairro da Madalena, Recife, Brasil – CEP: 50720-001
FONTES:
http://clubeinternacionaldorecife.com.br/nossa-historia-do-clube-internacional-do-recife/
BARBOSA, Virgínia. Clube Internacional do Recife.
In: Pesquisa Escolar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2013. Disponível em:
https://pesquisaescolar.fundaj.gov.br/pt-br/artigo/clube-internacional-recife/.
Acesso em: dia mês ano. (Ex.: 6 ago. 2020.)
CLUBE Internacional do Recife. Disponível
em:<http://fpr-remo.com.br/?page_id=288>. Acesso em: 29 out. 2013.
UMA EXPRESSÃO tradicional dos fastos de elegância e
de aristocracia da terra pernambucana: o Clube Internacional do Recife e as
suas suntuosas instalações. Ilustração Brasileira, Rio de Janeiro, p. 161, ago.
1942.
MATOS, Potiguar. Clube Internacional do Recife: um
século de história. Recife: Cepe, 1985.
O RECIFE e sua vida social. Almanaque do Recife
Lítero-Charadístico, Recife, 1966. p. 129-130.